quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Universo

O ponto é só que o tempo vai passando
E o gosto dos beijos imaginários
Trespassa a necessidade dos reais,
Tornando-se apenas lembrança ocasional,
Um algo-alguém que está lá,
simplesmente flutuando na memória,
Em eterna expectativa,
E ainda sem preocupar tanto...

Pessoas são complicadas,
E eu sou bastante também,
Então ocasionalmente os caminhos se batem
E os olhos se cruzam, e as semanas passam
E tudo às vezes parece uma espécie de sonho,
Ou uma questão de momento...

O único porém é que a gente tem uma tendência
De querer eternizar esses momentos,
Principalmente quando se olha pra um alguém
Que a gente gosta absurdamente,
E daí vem as reflexões,
os pensamentos,
as saudades...
Tudo em antecipação,
Como que vendo esboços da própria
História, antes dela mal começar.

E essas saudades que não deveriam ser,
Nada além de olhares,
Que não deveriam chegar
Ao ponto das palavras,
Que se tornariam pinturas
De idéias em gestação,
Um tanto criativas e
Quase exponenciais...
Cá se tornam só poesia
Boba, que fica aqui
Pensando em ir
Te procurar, te achar
E ficar batendo papo
Até o dia de hoje
transladar o próximo
em outro, e outro, e mais outro....

E então parecer aos nossos olhos universais
que o sol deu de fato uma volta na terra,
sem que os outros planetas percebessem;
quando tudo na verdade se resumia a Gaia,
brincando de roda com Apolo.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Movimento estacionário

Vez ou outra a gente pensa
Em algo como evocar
uma menina, a observar
as ondas de reflexo
do mar dos pensamentos
através duma janela de vidro,

Espelhando sentimentos
em tempos ainda não delineados,
por uma atmosfera de palavras
que vê o vento a deslizar,
úndivago, pelos olhos e cabelos
dessa mesma menina

Que exclama baixinho,
Em pensamentos
E palavras não ditas:
"Uau"

E olha pro céu e diz:
"Você criou esse agora?"

E eis que os sonhos dela
Parecem se tornar oceano,
Seus olhos a refletirem a saudade
Desses dias de imaginária liberdade,
Desses momentos etéreos em que ela
Se desligava dos problemas do mundo
E seus olhos pareciam abrigar
Aquele azul além das janelas de vidro,
Em doces e salgadas porções de infinito,

"Enquanto ela segue pela orla,
o ônibus lotado, engarrafamento,
sete da manhã."

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Palavras que caem

Morena, morena,
E seu estilo único
De vestir os olhos
Azuis do poeta
Numa só conversa,
Num único instante,
Nessas suas falas,
Falésias, fatídicas;

Nesses seus sorrisos
E devaneios lúdicos,
Que brincam com sonhos
E tempos e marés,
Que saltam do topo
Dos montes de areia
Daqueles relógios
De livros egípcios

Para além dos ares
Das linhas e olhares
Do mundo e de amares,

Por aqueles zênites
Feitos de infinito,
Feitos de você,
Feitos n'outro mundo
Além das verdades...

Atrás de pirâmides,
Por entre saudades,
Num único aceno,
Num gesto de olhares.

As marés que mudam,
Os grãos que movem,
As questões e o tempo,
O quanto eu te digo...
Meus sonhos, baixinho,
Meus medos e bobagens,
Meus desejos só teus,

Meus segredos, os seus,
meio que guardados
numa caixinha
Do deserto d'Instante
Chamada Sand-glass...

"Os flocos de areia,
em solitude de neve,
em uma ampulheta
de pessoas repleta
das tuas imagens
mais delineadas..."

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Passagem

Tu tens uma presença quase atmosférica:
Umas pessoas deixas sem ar,
Outras inebriadas,
E outras ainda a flutuar...

Tu vens como a chuva
E deságua nesses nossos olhos
Em folhas de Outono,
Como surpresa das surpresas

Que confundem o pensamento
Em formas estacionárias
E transladam as idéias
De Universos sem fim...
Congelados em devaneio.

São as reflexões momentâneas
que principiam as verdades de Vera,
Tua prima estrela e aquarela
Que mergulha pelos sonhos
E te torna sereia, nereida,
Ninfa das areias que cantarola

As estações e os sonhos de Verão
Ao caminhar dessas águas atemporais
Em que a noite, o céu e a terra
Se juntam em suas idéias aéreas
De cores e estações psicodélicas

Para acompanhar os teus passos flutuantes
Por entre os campos oníricos de Instante.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

200 por dia.

-E aí ô... picolé!
- Zé, Zé! Colé di boa?
-É... Aquilo, né?
-Vixi, rapaiz, e é é?

-Ah, Sacomé, mermão...
"Estação, praça da sé"
- E num é que é?
- É... Tô contigo, de fé.

-Mas e aí, só perambulando, né?
-Só.. Mas quem que qué?
"Abrantes, São caetano"
-Oxi, oxi.. e dá pé?!

-Se dá eu num sei, ué.
Mas o que num pode é essa ré...
Ficar assim, pra sempre a pé.
-É, tô contigo, mermão! Jogue duro!

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Acropatias.

Em questão de fechar
os olhos semi-abertos dos devaneios,
égide dos anseios...

A perambular por aí,
flutuando por caminhos,
pergaminhos,
permutâncias,
instâncias de personificações
lhe-bi-diz-antes...

A prear perambeiras,
talvez plantando bananeiras,
talvez pensando demais
em não pesar o não pensar
e não pensar o não-pesar,

Pesar de que'inda torna-se
rodopiante aos olhos
de brinquedo
das finitações
interpretantes
dos teus passos-ensejos
a buscar outras realitudes...

rádio-ativas,
retroativas,
anacronizantes.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Epiderme da noite

Vermelho de internos espelhos, escarlates cortinas, palco bordô de intensidades citadinas.

Dizem que a cidade é um mundo em labaredas, que estas e aquelas são como cinzas e pessoas. Sempre crepitam em tons fugazes demais para serem alcançados, intensos demais para serem comedidos.

Por vezes o fado dos incompreendidos é esse pôr-do-sol que nos consome, enterrando-se no horizonte de um futuro inexistente em que a nossa alma'inda grita você, e grita agora, e chora o embora...

Por vezes o porquê nos escapa, num quê de nostalgia e cheiro de incenso. Num movimento de intento, vezes lento, vezes seco, vezes inexatidão de lábios e línguas e mãos numa tarde de verão em que o tempo pára, e as lembranças passam assim tão rápido...

E só sobram essas estrelas solitárias nos teus olhos, fitando a cor das memórias; a descortinarem a pele dos teus sonhos, na alvorada dos desejos.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Ei, você que está lendo

É jeito de olhar
Que diz: seus olhos!
Jeito de olhar
que me deixa assim,
bobo, poeta,
intermitente.

Jeito de olhar que fala
De Amy winehouse,
De inquietações,
de coisas e coisas
e de silêncios.

Jeito de olhar que
Me aparece assim
Do nada e do tudo,
Como se fosse nuvem
E carregasse o sol,
E a chuva, e o arco-íris.

Jeito de olhar que me fascina,
Assim, com seus olhos num espelho,
Seu retrato em minha alma;
seu coração a navegar
a brisa das cidades,
feito tufão e calmaria,

seu pensamento deste instante,
surfando por entre meus versos
e seguindo a canção.

"cuz I've been black
but when I come back
you'll know know know...."

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Entre-e-abre-e-toca-e-foge

De onde surgiu o voto de escrivinhar sem possibilidades? Hm... Da dualidade de non cristalizar desafios delirantemente religiosos como esse:

Sim, amarelo, livro, livre,
tiro, trisco, trevo, minto,
trinco, treme, leme, geme,
semi, demi, vagas, trasgas...

Oh, jizuis! Trasgar, trasgar,
O universo, num engasgo,
num fasgo, num gesto,
fagulha interditente;

Rasgo, rasgo, ascolificante,
Hilariado, inesperante.

Oh, jizuis!,
e seus olhos azuis,
azuis, coloridos,
um anis...

Minerva, minerva,
'ssa'spera, 'ssa leva,
'ssa farta de quismera

Que com esmero, esmero,
Esmero'eu, comprando
leite e banana
nus mercado.

Amarelo, laranja,
Trasgo 'scopo e a noite...
sobra-se nem ela.

E quarela, quem, quem...
bem, bem, oh-ela:
Sorrindo n'otro canto
Da cidade, de sardade
Do mar, do mar,
De verdade,
Na realitude
D'ssa nossa
Juventude,
Jogada aos vento,
em entretinimento
ao tempo, aos tempo,

De ledores,
Credores,
Dos ardores
Desses amores

Que parecem sufocar,
quando não se vão a tornar
Sorriso,

Sem antes,
Distantes,
Bastantes
- sem nem em instantes...

Que tu estanques.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Capoeira

"Aû, Aû, um rabo-de-arraia
Tava na bêra da praia
Quando o navio virou,
Quando o navio virou..."

Ah, minha adorada,
Meu símbolo da noite,
Minha alvorada
Que devora-me
Por entre palavras
Rarefeitas de sereia,
Escondida em Netuno,
Divagante em seus gestos
Orbitais de brisa das estrelas,

Quando o universo é tua praia
E o céu já não tem limites...
Quando Desejo é maior que Ensejo,
E um Arpeggio sinestésico
Ensaia suas frases
No burburinho maroto
De tuas palavras nunca ditas...

É madrugada
E meu pensamento
É ocê, num vê?

Crê em meus ditos,
Desditos contraditos,
Bandidos não benquistos
Por esses teus olhos
Que fitam longilíneos,
Cheios de ginga e astúcia,
Os malabares espelhados
Desse teu sorriso
Inquietante...

Que se torna momento,
Do qual eu sou cativo,
Eis que navego funâmbulo,
No fundo do circo esverdeado
Das coisas do mundo
De cabeça para baixo,
Sob o palco dos amanheceres
Que ainda não chegaram...
E das noites que nunca me deixaram.

"Dormi sonhando com o birimbau tocado,
Vejo uma roda com Besouro e Paraná.
Fico lembrando desses mestres do passado,
Sinto um desejo danado de capoeira jogar.

Faca de tucum matou, Besouro Magangá
Faca de tuntum matou, Besouro Magangá"

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Os Olhos de talvez

Os teus cabelos como freixos,
Enroladinhos, enroladinhos,
Como moldura em forma de canção,
Versos em tom de chocolate...

Em suas espirais de acordes, livres-livres,
De divagações dubilíneas, nuvens coloridas,
A tua pele a razão pelo qual o Sol
Desceu um dia até o mundo
E disse que se apaixonou...

Os teus pensamentos,
Um instante o teu sorriso,
Escondido nesses lábios e gestos,
Nesse teu corpo a transpirar
Silêncios e imagens...

Passeando pelas bordas e seixos
Das palavras distraídas,
Descontraídas,
Desconstruidamente apaixonadas
Por essas entrelinhas subjetivas
Do nexo dos amares

E eis que há mares e mares,
Nunca dantes descritos,
Nunca dantes esculpidos
Para serem navegados
Ao balançar do entardecer,
De uma rede de momentos
Perdidos em eternidades,

Quando esse mesmo Sol toca teus olhos,
E o teu corpo é imensidade,
E a lua ergue estrelas
Ao redor dos teus desejos,
Em perfumes de singelidade,
Com esse teu cheirinho gostoso
De óleo de lavanda,

Essência de míriades
E possibilidades assim,
Adornadas em alfazema;
Feita elisão arrebatadora
Além de fragrâncias elísias,

Quando a tua fala é melodia,
Que embala as minhas vozes
E torna este poema paraíso;

Quando esse teu jeito
É reflexão inexplicável
De poesia em movimento,

De cristais d'água
A espelharem
As paixões eternas
Desses nossos olhos
Que buscam
Liberdade...

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Um acorde

Sabe, há muito tempo eu não escrevia algo assim... Lembro que ganhei um concurso de poesia na escola, num desses que era pra Jesus, mas nunca cheguei a aparecer pra pegar o prêmio. Soube depois que fui aplaudido e tal, em toda a minha não presença específica de criança preguiçosa que não queria ir pra aula naquele dia... e ganhei um chapéuzinho depois, ou um certificado, e acho que também um bombom.

"Primeiro um disfarce, o seu...
Riso uma quermesse,
Inocente e colorida,
Singela, sinuosa, síncope -
Cintilante do que seria
Iridescente, assim,
Lá no alto do céu,
A fitar essas estrelas dos olhos teus."

Depois eu pensei que a festa poderia ter sido divertida, se ao menos eu pudesse tocar o instante. Mas ficou apenas na memória, assim, um acaso inesperado - desses que a gente nem planeja, nem espera, nem se toca e quando vê já existe um universo de idéias a perambular por entre as nossa imaginações - mas que contém algo de etéreo e até certo ponto belo por conta de sua própria irrealidade, não é? Só que isso é pras pessoas que não se dispõem a arriscar, eu acho, ou simplesmente dizer o que pensam e sentem, por mais bobo e inesperado que possa parecer - o que é parte da graça de viver ou de sonhar, é claro.

"Eu quero você que não sai da minha cabeça,
Você que é música, poesia, aula inexistente,
Promessa sorridente do destino que insiste
Em me deixar com cara de bobo a pensar
De novo e de novo no quanto eu te gosto...

Você que é idéia, você que é sonho,
Você que é talvez, você que é instante,
Um verso, um poema, uma vida,
Um dia - o teu olhar uma conversa...

Você que escreve, que flutua, que sonha,
Que vive na minha imaginação
De possibilidades feitas em saudades,
De verdades que ultrapassam entendimentos.

Você que apareceu um dia e sorriu,
Esse teu sorriso feérico...
A resvalar nos meus pensamentos,
A me fazer pensar e pensar e pensar,

E fechar os olhos e esquecer os detalhes,
A prudência, os males e marés da incerteza,
Para somente rabiscar nesses versos
Os sentimentos únicos
Que tua imagem
Animada em palavras
- Me desperta,
Musa... "

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Noites sem fim, another version

"Endless sorrowful nights proceeded by the corners of the world, accompanied by beautiful jasmin flowers, without petals or colours, slowly changing its sad face, so full of pains and anguishes. And the melancholy that the winds seeded one day was gradually being lost, while new feelings bloomed through the air.

Beautiful voices of heroes where being heard through the earth and the sky, causing joy and astonishment. Hope ruled hearts and souls, while bravery and courage appeared everywhere almost like magic. Everyone seemed willing, that day, to risk their lives for dreams only declaimed. And that hope for so long repressed reappeared once again in the hearts of children and adults, seing the clear opportunity to change their own worlds.

But before beginning any fight, the heroes were hushed up, condemned to death or prison, while some of their allies lost ther own souls when they turned themselves agains their ideals and deceived those who once they called friends.

Poor fools that believed in promisses of wealth and salvation, that made those dreams become lost through clouds of fear and betrayal. Soon they were killed, without even having the time to contemplate their own illusions.

And this way, with brief verses of laments, shriveled the jasmin flowers before the pitiless void of time and oblivion, while the nights once again carried on their sorrowful path. And the beautiful voices, that once declaimed so many dreams, were bequeathed only to the old glory of verses and songs without memory, and their ancient words were lost with small fragments of our history.

Some of them, however, didn't remain just in oblivion, but were condemned to survive untill the end of their days in silence, no matter how much they cried for the world to listen. Souls without future, captives of a blur fate; poor men forced to left them and forget about life"

That's how it ends, the short passage of the dark flowers, only the darkness remaining through the gloomy scenery declaimed by myself. And the asphyxiant silence, which were off from here due to frail imaginary walls and brief traces of human voice, enfolds me with them over again.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Expectativa

Nestes olhos undívagos,
por estes mares narcisos,
numa flor-em-nunca-antes
à espera de o bastante.

- Bastardo, edificante,
inda antes um instante!

Flutuando,
Nestes olhos perdidos,
na Lua, na Lua,
nesses bosques e praças e pontes
feitos diamante.

-Resplandecentes,
decadentes,
universalizantes...

Em seu solilóquio cristalizante,
de grãos de areia milenares
que não se esvaem nem se movem nem destroem

Como o tempo, o todo, o tolo e o vento
do que era intento,
do que era lamento,

Do que foi intenso
e tornou-se incenso,
contrasenso,
suspiro meio sem jeito
de quem te considera
nostalgia carmesim,

Assim, assim
feita em sonho
e arrebatamento
só pra mim.

- Oh, sexta feira, duas horas -
em que vamos para a guerra,
em que vamos para Marte!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Dezenove, neunzehn, nineteen, etc

Dia ah!, normal.
Comi um abará,
ouvi um pouco cá.

Daqui um tanto
Olhei pra trás,
E nunca mais.

Fiquei um meio
Que sorriso
Que anseio,

Frontispício,
introspectivo,
invectivo,

num extravio
de nuvens
num navio

de bermudas,
de órbitas
e dúvidas.

Te amo,
não é?

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Cadarços acadêmicos

Oh my my, começando um plano de aula para esse fim de semana, lendo e relendo e sentindo falta de perambular pela universidade de novo.

"To begin with, let's skip exercise 2 and do number 3 of vocabulary, page 5. We'd rather do it in pairs, since with this not only we explain the different classifications of a word (verb, noun, adjective, etc) but also we apply them to real contexts and sentences at the same time."

Fico imaginando o mistério das palavras não ditas, o segredo das escritas e a certeza de que vai ser tudo uma muvuca quando eu der a minha aula.

Mas vou me divertindo com isso tanto quanto posso, uma vez que certas coisas são inevitáveis - por sinal, num reflexo quase flexional de etimologia que nem sei mais de onde surgiu, lembro-me que Fada tem alguma coisa a ver com destino no latim, o que faria com que nossos contos pré-Disney não tão infantis fossem interessantes alegorias da fortuna de seus personagens arquetípicos.

No entanto, o ponto principal do meu discurso bobo poderia consistir num muito obrigado. =]

Fato notável: meu calçado não tem cadarços, foi presente de mãinha (votos e Machados pra essa forma vocabular entrar nos dicionários!).

E agora que já baguncei assis, asiss o ritmo, dexa eu ir dormir e sonhar contigo; afinal nada disso seria a mesma coisa sem você, "querida leitora"...

domingo, 13 de julho de 2008

Transitoriedade

E o que lhe parecia eternidade
Tornar-se-ia conto de fadas,
Ao seus olhos irrequietos
que observavam de longe
as palavras de outrora.

Na madrugância das horas, condensadas em cheiro,
verso e despedida,
ficaria então
a saudade contida
por obra
d'um segredo
assim,
só...
meu
e seu;
num sussurro
de palavras,
qual suspiro
de memórias.

"O escritor suspenso
em torno de si,
envolvido por ti,
por ela, por você
em Cinderela."

"As palavras nos teus olhos,
Nos teus dedos, na tua soledade..."

- Que dizem amor! -

Quando me disseram tarde
E navegaram pela orla
Do infinito na cidade
Da poesia, ao pôr
De dois sóis..

terça-feira, 8 de julho de 2008

Pedido

Eu gosto do teu sorriso num toque de lábios , do teu jeito tímido e alucinadamente curioso de olhar e sorrir e dizer mil coisas sem movê-los. Eu gosto das tuas mãos cruzadas, das tuas roupas em vermelho, dos teus delírios em arco-íris, dos teus bailares sobre nuvens. Gosto de pensar em você, de escrever sobre você, de viver a minha vida toda a perambular por essas minhas imagens de você, Sonho.

Eu gosto dos teus protestos e desejos, dos teus risos, dos teus retratos de magia e da forma como cada vez que penso em você começo a colorir o mundo com giz de cera em minhas lembranças de criança. Eu invento uma cor de nostalgia e outra de saudade, enquanto vou rabiscando minhas vontades por desenhos de passado e futuro e presente de eternidades, buscando as formas de uma cidade, que vira país, que vira imensidade - que diz água em suspiros de Calíope, que diz queijo em sabor de julieta, que chove pãezinhos, talvez de Minas, talvez de Antares, com o formato apimentado de um coração adocicadamente repleto de estrelas.

Em brilhares de verdade, tu brincas de tornar minhas vidas realidade, como quem brinca com a direção de minhas palavras e os motivos dos sorrisos: Sonho, que vive risonho, que é parte de mim, parte de sim, parte de você sabe. Eu escreveria mil palavras por ti e calaria miríades de anoiteceres em meus lábios ao fitar da orla de teus olhares; eis que em teus passos feéricos, encantarias o luar e flutuarias até o céu - só para beijar-lhe a face de suas páginas em branco escritas felicidade.

Sonho, que é sonho em detalhes, em distâncias, em doidas e doces ideações do que eu gostaria de lhe dizer ao pé do ouvido...

"Por que não me deixas um dia escrever o teu enredo?" =D

quinta-feira, 3 de julho de 2008

A imperatividade das palavras e as vestimentas do silêncio

Antes de tudo, palavras são necessárias. O mundo das idéias e todas as filosofias anacronistas do analogético simplesmente não funcionam sem elas. Apócopes se façam,
mui sã os que as desejam e bel seu feitio cardíaco-tic-tac. Mas quem dirá da dialética?

Ninguém espera o silêncio de quem se ama, a não ser que seja um não falar carregado de mistérios, de olhares em pálpebras encobertos de desnecessariedades explicatórias... A oratória da verdade envolta em amores, em amares, em si divagantes por esses mares que me dizem ontem, que me dizem tarde, que ainda carregam o eco silensioso do que eu nunca deixei de pensar.

A roupagem do silêncio perde-se na lúrida crença absoluta de que o amor é por demasiado próprio, por demasia abnegativo em suas peculiaridades lúdicas, sarcasticamente cheio de manhas. Inda que sobexistam idéias por essas lucidades solitudinais de densidades innernéticas, não tenho mais escola, não tenho mais relógios; ainda guardo os cadernos nunca escritos, os tetos coloridos ou despadaçados sobre vozes sem memória...

Miau então passeia dum lado pro outro, de repente bate a cabeça, e eu deveria estar fazendo meu currículo. São onze horas, são onze horas; são onze heras, onze eras; sem demora, sem amoras, são cem agora R$ ! ! ! ?!

"Don't you let us fade, let us fade... through my soul"

sábado, 28 de junho de 2008

Pensamentos oníricos

Fiquei esses dias pensando nos sonhos dos sonhos, reflexos bruxuleantes a tocar minhas ações no intervalo de desejo e tentativa.

De olhos abertos,
De olhos fechados.
Sempre piscando
Em seus reinos enevoados...

Sei que Morpheus teria resposta, canção, verso, adenota; provavelmente centenas de silêncios.
Eu tenho um projeto, dois marrecos, algumas idéias.

Tenho saudades dos teus olhos oceânicos, também, a fitarem a janela das imaginações por detrás de minha mente; o azeviche dos rodamoinhos a circundar os rodopios de tuas mãos em meus cabelos, em minha pele, em meus ouvidos... Sua voz tornou-se eternamente poesia em minha memória, lira dedilhada por nereidas e marés de nostalgia que percorrem distâncias e desejos sem fim na atlante imensidão de tuas histórias.

Um sussurro,
Um par de asas.
Pegadas melancólicas
Deixadas no vento
Enquanto flutuas...

Os sonhos dos sonhos são como idéias feitas de instantes, etéreos e inconstantes. São inquietações que nos perseguem não se sabe de onde, nem de quando, nem porquê. São pensamentos cintilantes em você, quaisquer que sejam as cores e os sabores e os amores que você representem.

sábado, 21 de junho de 2008

Momento interlocutivo

Muitas vezes eu me sinto uma criança que esqueceu o instante de adormecer, uma criança que perambula extática por entre idéias do dia e da noite, por entre risos e desordens de suspiros e murmúrios. Uma criança como que diante dum doce renegada, impertinente, impacientemente inconseqüente... Uma criança em hábitos e gestos de criança, bobos, desejeitados, inocentemente dissimulados pela felicidade incoerente de realizar uma travessura, ainda que breve.

Muitas vezes, a criança das decisões inabaláveis e dos desejos inquebrantáveis se confunde com o adulto, undívago a cruzar cautelosamente o mar das histórias, a tecer suas próprias memórias. Poder-se-ia, talvez, dizer que os dois velejam em uníssono a partir de um mesmo ponto: a essência dos desejos; mas creio que a mais sensata verdade seja admitir que a criança conduz o leme, a maior parte das vezes. Não meramente por descuido ou por supressões alimentares, como a falta de um almoço que nos invoca as emoções mais selvagens... mas geralmente pela minha dama eloqüente, que me concede essa vontade sapiente de deixar a criança aprender a navegar por diferentes corações, cores e feições de infinitos universos.

Meu único dilema é perceber que a criança ainda tem gestos involuntários, possessivos e ao mesmo tempo inseguros, como que querendo reafirmar sua soberania sobre mundos que no fundo ela sabe que se extendem muito além de seus olhos. Há também outras crianças ao seu redor, outros desejos, outros sentimentos e convicções tão profundos quanto suas paixões mais intensas.

Há, porém, instantes em que só o brilho de um sonho nos importa.

Olhamos pois para a face enlevada, o rosto poente de rosa sob a imagem da lua enfeitada de mármore, e eu apenas sei que a senhorita nos observa, Curiosidade. Pois sua itinerante vontade encontrou-se logo abaixo de nossas próprias palavras, visitando o caos angelical das idéias nem um pouco inocentes e fazendo reféns estes travessos observadores de palavras soltas na poeira cósmica de teus frutos e sementes estelares.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Impressões

Carrego dentro de mim a ternura insaciável dos textos-não-redigidos, pródigos filhos e destinos que se acanham diante do inevitável sussurro dos sonhos palpitantes a desenrolarem-se nas labirintudes circadianas de teus olhares curvilíneos. Enclausurados na inevitabilidade dos reflexos, livres em virtudes de acordes dilacerados pelas sombras da constância, afogados em extasias de miasmas sufocantes, alucinados ou alucinantes... Lúcidos como esta trama insatisfeita, de dizeres enrolados à procura de retortas, confeitas em pêssegos de desviados olhares ignosatisfatocêntricos do palco das histórias.

Um rodopio num canto estrelado do teu sorriso, à meia tinta de volúpias e bocas e palavras ditas indecentes, tão somente inconcretas; incompletas em suas inefabilidades, divagantes pela solidão eternamente nostálgica de delirares descompostos sobre abas e chamas de retalhes suspirados, suspirantes, sufocados ou sublimantes...

E eis o Eu, lírico como se Teu já o fosse, ou algo próximo disfarçado em breves sonatas que tornar-se-ão solertes incertezas diante de tuas versúcias sorridentes.

Ah, lépidas vertigens de quem me dera um dia provar os teus chamegos, os teus lábios, os teus seios, os teus olhos e contornos feéricos mais que iridescentes. Repousar minhas idéias no teu colo, meus pesares ao olvido de meus olhos no oceano dos teus. Meras imagens e sereias presas na areia do tempo, nos cascalhos e folhas secas de Outono inexistente...

Vivo no limiar de estações imemoriáveis, que se tornaram fogo e cinzas e zênites de gravitações intransverbalizantes, abalsamadas na paradoxia de meus sonhos mais próximos e mais distantes. Vivo como se tocasse o antes, advindo às sibilas onduladas de teus meneios de cabeça, inocoerentemente singelos, profundos, irônicos em seus toques de humanidade que perambulam pelos ecos universalizantes de três destinos.

Tantas línguas, tantas formas e palavras e faces e pessoas, possibilidades, pausas e olhares, músicas e o silêncio das árvores nas tardes solidarizantes de calíope apaixonada. Três destinos, três momentos; quantos sentimentos...?