quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Eu leitor do instante

Que o tempo escorre
Na paisagem,
Que os encontros
Mais se fazem de silêncios.

Contemplar,
A leitura das leituras
Que não se leem,
Os olhos,
Sempre os olhos,
Que enxergam além.

Horizonte,
O sol que se derrama de ti
Assim poente.

As palavras mudas,
As inquietações,
As partituras.

Nossas mãos que tocam o ar,
O verbo que o teu sorriso escreve
No canto dos lábios
Do que a boca
Não diz...

Fica aqui esse instante,
Sê poesia nos meus dedos,
Nos cabelos, nos meus seios.

Rouba essa minha sensatez
Que nunca existiu,
E veste da minha pele
O contorno da tua.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Tura mali


Nefelibata,
Tropeço entre nuvens
Nos caminhos do céu.
Faço dos meus sonhos
Desenhos, faço deste palco
Um castelo de chuvas.

Escorro ao mundo dos mundos,
Toco a terra molhada,
Afago as raízes
Deste sol
Que me é espelho
E brota de dentro
No contorno do sorriso.

Fico deitado
Na grama ao teu lado,
A não contar as órbitas
Das preces e dos sonhos,
Da pressa dos presságios
Do possível das estrelas
Dos teus olhos...

Ao teu corpo, o meu deserto:
Sê tempestade e me encharca,
Corre e me enfeitiça
Por estas dunas...
Sê vendaval
E me consome
Ao virar da ampulheta.

Pega estes versos
Em areia e pergaminho
E sopra-os ao vento.

Faz vingar o nosso oásis
Em que a sede do toque
E o compasso do abraço
Se perpetuam ao balançar
Das palmeiras.

Faz do meu corpo
Paraíso,
Enquanto ele
se fragmenta
Com o teu.

Faz desse meu tempo
Um só universo
Assim, assim,
Juntinho do seu.