terça-feira, 13 de novembro de 2012

Um passo, um tropeço, um espaço


O espelho dos espelhos,
O verso, a palavra.
Toda a tua busca
Que se cala na alma,
Todos os teus anseios
Ao despertar dos sentidos.
Os olhos que não se me escapam,
Os gestos devaneios,
Esse riso ao teu lado,
As ruas dos destinos
Que se nos atravessam
Não disfarças,
As vozes do tempo
Que sequer vivemos.
As linhas juntas,
O instante ao contrário.  
Conto as horas
Do avesso,
Conto os dias
De sol das chuvas
Que o verão me trouxe,
Conto as chamas e fagulhas
Que o vento assobia.
Visto as roupagens do silêncio,
Encarno a terra comida pelas beiradas,
O chão seco do que não é sertão e se alumia.
Nefertari se esconde,
As esfinges lhe consomem,
As três luas de Plutão
Estão sem órbita.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Ao levitar


Eu canto aqui o tempo
Das amarras que a gente solta,
Dos cadarços que se afrouxam,
Desses botões que vira e mexe
Se desprendem da vida da gente.

Eu canto a verdade
Das perspectivas do silêncio,
Das cartas que se embaralham,
Dos lances e dados que se atiram,
Do limiar das escolhas
A que o destino nos leva.

Eu canto o barulho da chuva
Que lava toda as coisas,
Que cai aí pertinho
Dos teus ouvidos,
Que te consome
Todo dia um pouquinho.

Eu canto às vidas
Que tu trazes ao mundo
E enterras antes do sol;
Que sangram no ventre alheio
Da insensatez,
Que se perdem
Antes mesmo
D'um sorriso.

Eu canto
O cântico suave
Da despedida
Dos tornados...