segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

De lá pra cá



A cada dia mais
A gente desaprende
A ler em versos
De sol e lua,
A cada dia
A gente desaprende
A se falar um pouco mais,
A se lembrar mais um tanto,
A cada dia
Um pouquinho
A gente aprende
A desaprender
Aquilo
Que um dia
Disse,
Que o tempo
Faz voar,
Que as lágrimas
Dizem sem saber
Pra onde ir,
Que as cores
Das pinturas
Se revezam
Nos olhos,
Nas paredes,
Na pele da gente
Que todo dia
Se consome de sonhos.

A cada dia um pouquinho,
A voz que já não fala,
O coração que bate torto,
O toque das mãos do ar,
O abraço que era oásis,
A areia das recordações
Que escapa suave
Pelo canto da sereia,
A maré que bate na praia
Quando você sabe
Aqui dentro desse 'mar
Que nada foi de leve.

A cada dia
Um verso, uma raíz,
Uma parte de mim
Que vira flor.
A cada dia
A minha benção
Ao me distrair
Por esses jardins
De recortes,
De não saber
Pra onde ir,
Pra que ficar,
Porque partir.

De não saber dizer
De todos esses silêncios
Que a gente carrega nos olhos,
Porque só tua voz insiste em não calar.
De não saber reescrever
Esses corações bobos da gente,
Que já não sabem mais parar de amar.
De não saber, mais que tudo,
Como se escreve esse poema...
 
Que a cada dia
Parte de mim
Se desaprende
Em você.

Que a cada dia
Parte de você
Se desprende
De mim.
 


terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Tempo bom


Odaiá, minha memória,
Meu oceano.
Deixei as cartas
Ao teu colo
Nas ondas
Calmas.

Nadei de um lado
Ao outro do fim da tarde,
Na praia de todos os santos.

Achei um barquinho,
Abri meus braços ao sol!

Fiquei lá a navegar
Em meus pensamentos,
Em minhas saudades,
Em tuas águas, minha flor,

Que levantei até a borda do mar,
E mergulhei nas águas de Iemanjá

E fui logo a escrever
Minha história
Na areia,
Que sou eu
A quem escrevo
Quando as palavras
São espelho de céu.

Que o meu sorriso
um dia
eu encontrei assim,
deitado na grama,
ao olhar aquelas estrelas
Nos olhos destes versos.