sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Tiny Dancer

Desverbaliza,
Teus olhos
Em poesia,
Tua boca
Num sussurro
Aos meus ouvidos.

De fragmentos,
O salto das estrelas
A dança entre as escadas
A lógica do caos
O instante e o universo
A órbita de Tânatos
As peles de Eros,
De magnetos.

O espelho
Dos teus olhos
Em cores,
O charme
da tua voz
no canto...
Dos meus lábios.

Derretes e me completa,
Revive a minha alma de poeta
Por entre os abraços da noite
E a insensatez das manhãs.



domingo, 8 de janeiro de 2012

Das transformações vulpinas

Dizem que as raposas
se entendem, antes de
qualquer verso, palavra,
verbo ou ruído....

As raposas
Que são crianças
Selvagens...
As raposas
Que brincam
No escuro...
As raposas
Que se escondem
Sagazes,
Atrás de um sorriso
Faceiro...

E duas raposas
Tocaram os focinhos
De leve uma na outra,
O toque desajeitado,
Incerto, inseguro.

Pois dizem que as raposas se entendem,
Antes de qualquer verbo ou ruído;
Especialmente as literárias...

E o silêncio do corpo
E da alma
Sempre lhes é
Um intento de dizer
Que seu príncipe
De instante,
Momentos, segundos
E eternidades...
Já existe.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Senun Cossenun

Como que vertes
A vida em palavras,
A água, as bebidas,
Os cigarros, as pessoas...
O palco é teu,
Sempre o foi.

Então interpretas, diriges,
Me rouba uma noite
E me assistes ao teu lado,
Indeciso.

A tua língua é memória,
Metálica memória;
Os teus lábios são quentes,
Teus movimentos sutis
E experientes.

Catarse,
Tu não sabes.
Tu és espelho
De tudo que não,
Não me aproximaria;
Daquilo que mantenho,
Por bom senso e dignidade,
Tácita a minha distância.

Tangencias então,
A minha e a tua morte
Em teus cabelos de fogo,
Tuas tatuagens-reflexo
De alma e drama e lama.
Completas mais um vértice
Deste meu triângulo.

Liberta-me e queimas
Aqui, comigo...
Me guarda em tuas cinzas
De que se fazem renascer.
E se por acaso me esqueces
Com a mesma facilidade
Com que me devoras,
Saibas por certo
Que meu destino
Nunca foi outro
Que não desaparecer
Ao primeiro raio da manhã.

A maçã de alguém

Quando vagueias pela noite,
Os passos te levam a destinos
Dos mais inusitados.
Quando circulas entre outros
São estes os que te miram,
Que te marcam, que te contam
Em histórias de sussurros...

Pois escutas agora,
Sê táctil pra mim
Assim um instante,
Te entrega e depois
Entrega-te e confessa.

Excitas e falas
Do que não lhe basta,
Do que sentes falta
Do que não tens
E te perturba o sono,
As pernas, as coxas,
O corpo todo.

Mas a confissão veio antes,
As palavras, as hesitações,
E eu que as calei
Em segundos diminutos;
E logo depois voltei aos círculos.

Tanto faz, eu sei,
Assim, pra partes de mim.
Mas se és só um dia, fuga e memória,
Isso não significa não serdes poesia.