domingo, 7 de agosto de 2011

A leitura poética












Na metade do dia

Em um círculo na beira da praia

Sóbrio.

O suor escorre por meus braços

Uma gota de suor na areia

Eu a pressiono com um dedo.

Moedas vermelhas, dinheiro de sangue

Ô mô pai devem pensar que amo muito tudo isso

Mas é só para o pão e a cervejinha e o aluguel

Dinheiro de sangue

Tenso malditos piolhos sinto-me mal.

Mendigos ato-falho, falhando

Uma mulher se levanta,

Atravessa porta-afora

Bate a porta.

Um poema imundo

Já me disseram para não ler poemas assim

Aqui.

Muito tarde.

Algumas linhas se embaçam aos olhos,

Eu leio

Tiritando

Malditos piolhos.

Ninguém escuta minha voz

E digo

É isso, desisto,

Está tudo acabado.

E mais tarde no quarto

Com Scotch e cerveja:

O sangue de um covarde.

Deve ser esse então

O meu destino:

Escrafunchar os centavos dos pequenos corredores escuros

Em que releio poemas de que há muito me cansei.

E costumava eu pensar

Que os homens que dirigiam ônibus

Ou limpavam latrinas

Ou eram assassinados em becos

É que seriam idiotas.

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